Victoria (tradução)

Original


Keny Arkana

Compositor: Keny Arkana

Meu nome é Vitória, nasci 14 primaveras atrás
Em uma vila perto de Salta, onde eu morava antes
Já faz mais de 10 anos,
Que com papai, mamãe,
Meus irmãos e irmãs
Nós saímos das nossas terras
E passamos a viver num barraco, em meio à periferia da cidade
Foi papai quem construiu, mas ainda não está acabado
Tenho apenas vagas memórias da vila
Mamãe chora quando fala sobre ela, não gosta da vida aqui
Estranhos queimaram nossa casa para roubar nossas terras
Papai ficou furioso e eu não entendia quando falava sobre agronegócios
Ele diz que políticos são predadores e espalham o medo
E que têm um estômago no lugar do coração
Aqui não há trabalho, nenhuma oração é atendida
Depois da escola, vendo braceletes com a minha irmã, dois pesos cada
Mas, apesar dos esforços, tem dias que não conseguimos comer
À noite mamãe chora. E também não consegue dormir.

Refrão:

Não chores, filha minha...
Ainda não perdi a esperança
Esses malditos ditadores
Jamais poderão destruir
A luta das pessoas que não conseguem esquecer aqueles que se foram

Meu vizinho disse: "Durante a ditadura era mais difícil"
Então não vou reclamar, mesmo que não haja nenhum futuro aqui
Eu gosto de estudar. Me disseram que é bom, mas inútil
Muitos pararam antes mesmo de saber escrever
No meu jardim secreto, cultivo o sonho de ser médica
Cuidar de todas as crianças doentes que não tem o que comer
Eu não entendo, na cidade posso ver essas crianças implorando,
E sendo tratadas com desprezo pelas "pessoas de bem"
Me pergunto: "Eles não vêem a miséria?”
Nos subjugam para adorar o homem do outro hemisfério
Papai diz que somos tratados como cães
Graças a Deus tenho minha família, existem muitos órfãos que vivem nos lixões
Algumas vezes choro escondida
Mas não por muito tempo, pois penso naqueles que conheceram o canto das metrancas
E minha avó sempre costumava dizer:
"A vida é esperança, quem não tem já está morto, então é preciso conquistá-la.”

(Refrão)

Papai já está farto, quase perdeu a cabeça
Na manhã em que descobriu
Que o banco havia pego suas economias
Impotentes, todos enlouqueceram
Mas não foram os únicos, a nação inteira havia sido roubada
Desde aquele dia, com outras pessoas da cidade,
Eles bloquearam as ruas tentando parar a economia do país
Era seu modo de fazê-los ouvir
Mas tenho medo quando eles saem e não voltam, pois a polícia é violenta
Eles os chamam de Piqueteros,
Mas os jornais são mentirosos
Dizem que são bandidos, e por isso muitos têm medo
Papai diz: “Eles podem matar os homens, mas não sua memória
As mães dos desaparecidos sempre cantarão contra o esquecimento.”
Nós estamos vivendo o fruto de uma democracia falida
Num país rico, muitas crianças têm apenas um copo de mate no estômago
Porque nós somos governados por uma máfia criminosa
Eu não compreendo, e quando pergunto o por quê
Me respondem sempre: “Porque somos argentinos.”

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